Orgânico chegou silenciosamente aos 100 seguidores. Foi uma surpresa para mim, uma vez que, desde o início de novembro, nada é publicado nestas linhas, ao contrário da expectativa que criei, antes de tudo, para mim mesma.
Este breve ensaio escrito, assim, de supetão, traz algumas reflexões minhas sobre sementes e as surpresas que a terra é capaz de dar, como foi para mim uma surpresa chegar aqui e ver que tinha tanta gente nova aqui. É um agradecimento e uma sinalização após esses meses de silêncio.
Obrigada.
Se você recebeu esse e-mail de outra pessoa e ficou interessade, considere se inscrever e continuar recebendo esse conteúdo Orgânico.
Sementes (coisas que acontecem debaixo da terra)
O final do último ano e o início deste foram bastante conturbados. Não quero entrar em detalhes, mas, em resumo, eu entrei em combustão. Aquilo que vemos ganhar o noticiário, aquilo que não pensamos que pode nos atingir, me atingiu, e eu me esqueci.
Esqueci, mesmo depois daquele tempo que - parece que foi ontem, e não foi? - eu tirei para estudar como se escreve, que eu decidi colocar em prática os planos, esqueci como se elabora um texto bom, como se deixa os dedos percorrerem o teclado unindo letras em palavras, palavras em frases, frases em… algo bom e que enche meu corpo inteiro de uma satisfação que só uma outra atividade é capaz de me fazer sentir - cozinhar. Eu também esqueci como é que se faz para sentir prazer na cozinha.
E, se eu esqueci essas duas coisas, esqueci de mim.
Mas, nesse tempo, tenho aprendido a observar, e no final de janeiro, lancei na terra algumas sementes de celósia plumosa e de girassol sol da meia-noite, e enterrei a ponta de um galho de melissa que ganhei da minha sogra e, ao contrário do que acreditei, já estava dando raiz.
No Natal, ganhamos do meu pai um kit de jardinagem e, nessa ocasião, pela primeira vez meti as mãos na terra, arranquei o mato, descobri PANCs e lancei na terra as sementes daquelas flores sem ter a menor ideia do que ia acontecer.
Refleti sobre isso enquanto via os girassóis brotarem. Primeiro cinco pares de folhinhas tímidas, que pareciam estar revestidas por uma pele fina e transparente, que apareceram menos de uma semana depois que as sementes entraram na terra, mas antes disso, antes que eu as visse crescer, já estavam crescendo lá embaixo. E aí foi que eu pensei nas coisas que não vemos, mas que mesmo assim acontecem.
Demorou mais de dois meses até que a primeira flor saísse, mas saiu, triunfante, com a promessa de, pelo menos, mais três nos próximos dias. Linda e tão pesada que fez o galho pender, mas, depois da espera, depois de dias de seca, dias de muita chuva, de mais seca, regas exageradas ou desajeitadas, surgiu.
Hoje recebi a notificação por e-mail de que Orgânico tinha chegado aos cem seguidores e me espantei. Pensei que, como essas sementes que eu plantei no final de janeiro e cresceram sob a terra sem que eu visse seus movimentos, vocês chegaram sem que eu fizesse nada.
Essa publicação também foi escrita de surpresa. Parei em frente ao computador para fazer uma coisa específica, mas vi esse e-mail que me fez sentir a necessidade de me reconectar, entre todas as coisas com as quais tenho tomado tempo para me reconectar nas últimas semanas, ao Orgânico.
Então, é isso. Oi de novo. Sejam bem-vindos todos os novos assinantes e obrigada por estarem aqui. Ainda estou contendo os últimos focos de incêndio da minha combustão, limpando as cinzas e tratando as feridas, mas pretendo estar aqui também. Obrigada por virem. Espero que gostem.
Apoie o Orgânico
O Orgânico é uma newsletter mensal que tem como propósito falar sobre comida de verdade, limpa e acessível sem a influência dos algoritmos.
É um trabalho totalmente independente, ou seja, sem patrocinadores. Caso sintam vontade, podem contribuir com umas moedinhas me enviando um PIX para a chave nilamaria12@gmail.com
Onde me encontrar?
Instagram: @nilamaria_
Twitter: @nilapicarelli
Outros canais: https://www.linktr.ee/NilaMaria
Gostou? Compartilhe!